Suco de laranja: fonte de vitamina C e outras vitaminas, além de sais minerais e substâncias antioxidantes. Um legítimo coquetel de saúde que é amplamente consumido no Brasil e no mundo! Conforme dados obtidos pela Folha de São Paulo, os norte-americanos, principais consumidores mundiais, adquiriram mais de 1 bilhão de litros de suco de laranja num período de sete meses no ano passado. Para tanto, a produção de laranjas precisa ser gigantesca também. E é.
O Brasil é o maior produtor de laranjas do mundo, com um total de aproximadamente 286 milhões de caixas de 40 kg colhidas na última safra, segundo a Fundecitrus. E há estimativa de uma produção cerca de 9,5% maior na próxima safra! Boa parte dessa produção é exportada – principalmente para Estados Unidos e União Europeia – e mais de 70% disso tudo se torna o tão apreciado suco de laranja (dados da Coopercitrus).
A laranjeira faz parte de uma família de plantas conhecidas como citros, da qual também fazem parte as árvores que produzem bergamota (ou tangerina, depende de onde você estiver no Brasil), a lima e o limão, por exemplo. Os citros são plantas perenes, o que significa que a mesma planta produzirá frutos por muitos anos, muitas safras. Mas para que isso aconteça o pomar precisa ser bem cuidado. Um pomar, para ser produtivo e duradouro, depende não apenas da escolha das melhores cultivares e da adequada adubação, mas também de um controle de pragas e doenças eficiente.
Neste artigo apresentamos as principais pragas e doenças que ocorrem em citros e também como evitá-las ou como tratar as plantas doentes. Lembramos que o controle de doenças e pragas não consiste numa etapa que é feita apenas uma vez, como é o plantio das mudas na implantação do pomar. Ele deve ser realizado constantemente e é assim que o pomar se manterá sadio e produtivo.
As pragas que atacam os citros são principalmente insetos e ácaros (aracnídeos). A ocorrência de algumas delas está associada ao surgimento de doenças nos pomares de citros. As principais pragas são:
1. Bicho furão
Esta pequena mariposa (Gymnandrosoma aurantianum) é mais encontrada em regiões quentes próximo a matas e em pomares com colheita deficiente. O grande vilão é sua fase larval, que penetra nos frutos lançando excrementos para a parte externa, onde se acumulam e endurecem aderidos à casca dos frutos. Estes ficam amarelados e caem, tornando-se inviáveis para consumo.
O monitoramento das populações do inseto adulto no pomar com utilização de armadilhas contendo feromônios é importante para a definição da melhor forma de controle. Inseticidas biológicos à base de uma bactéria chamada Bacillus thuringiensis são eficazes em populações pequenas. Se as populações estiverem grandes deve-se iniciar o controle químico, mas seu uso deve ser criterioso. Também é possível reduzir as populações desta praga eliminando os frutos atacados, os quais representam fonte para novas infestações em talhões ainda sadios.
2. Minador dos Citros
É uma pequena mariposa (Phyllocnistis citrella) com escamas prateadas e plumosas nas asas. Sua larva constrói galerias em ambas as faces das folhas, que perdem potencial de fotossíntese e caem após secarem. Porém, o maior dano causado por essa praga é a abertura de portas para entrada da bactéria causadora do cancro cítrico.
O monitoramento do pomar, como no caso das outras pragas, é uma importante ação inicial para determinar o tamanho da população e assim definir qual a melhor forma de controle. Há a opção da utilização de produtos à base de abamectina ou o controle biológico, que neste caso consiste na liberação no pomar de ovos parasitados pela microvespa Ageniaspis citricola, um inimigo natural da larva minadora dos citros.
3. Cigarrinha
As cigarrinhas são insetos sugadores que se alimentam da seiva das plantas. Entretanto sua alimentação não é o maior dano causado as plantas de citros, mas sim a transmissão da bactéria causadora da clorose variegada dos citros (CVC).
O monitoramento das populações de cigarrinhas no pomar é fundamental para a tomada de decisão, pois nem todas as espécies transmitem a bactéria da CVC. Para tal, podem ser utilizadas redes entomológicas ou armadilhas adesivas, além da observação visual. Quando confirmada a presença de uma espécie transmissora, o uso de defensivos químicos adequados é a melhor forma de controle. Deve-se ter o cuidado na escolha do produto a fim de evitar a eliminação de inimigos naturais presentes na área.
4. Diaphorina citri
Este psilídeo é um inseto muito pequeno que transmite a bactéria causadora do greening, considerada atualmente a pior doença na citricultura. Costumam ser encontrados em brotações, o que não significa que não possam ser encontrados também em tecidos adultos.
O monitoramento das populações é muito importante e juntamente a comunicação e ação conjunta entre produtores de uma mesma região, com o objetivo de evitar migrações. Para a realização do controle químico, deve ser escolhido um produto que esteja em conformidade com a legislação internacional e sua aplicação deve ser criteriosa. Como alternativa, há a liberação no pomar de microvespas parasitoides. Entretanto, o uso de defensivos químicos pode prejudicar a ação destes inimigos naturais.
5. Ácaro da falsa ferrugem
Este é um ácaro muito pequeno de coloração amarela ou marrom claro. Ataca não apenas todas as variedades comerciais de citros, como também diversas outras culturas de importância econômica. Por ser muito leve, pode ser carregado pelo vento de uma planta a outra. Ao se alimentar, injeta uma toxina. As plantas afetadas apresentam manchas irregulares e escuras na superfície inferior e borda das folhas e nos frutos as manchas começam escuras e depois tornam-se ferrugíneas, podendo ocupar boa parte de sua superfície.
A forma de controle mais utilizada é a aplicação de produtos químicos, mas é preciso tomar cuidado. A primeira ação deve ser o monitoramento das populações do ácaro no pomar, com início das aplicações após constatada a presença do ácaro em uma determinada porcentagem de plantas. Neste caso, é necessário evitar a utilização de produtos não-seletivos que possam eliminar inimigos naturais do ácaro. E como medida complementar para o controle, podem ser instalados quebra-ventos ao redor do pomar.
As doenças que ocorrem em citros podem ser causadas por fungos, bactérias ou vírus. Confira a seguir as principais:
1. Cancro cítrico
É causado pela bactéria Xanthomonas citri subsp. Citri, que diferente de outras doenças, não é disseminada por meio de insetos. Seu principal veículo é a água da chuva ou ferramentas e materiais infestados. Os principais sintomas são lesões escuras com borda amarelada que podem aparecer em folhas e frutos. Com menos frequência, aparecem lesões nos ramos, que podem ali permanecer por vários anos. De modo geral, a ocorrência desta bactéria leva a desfolha das plantas e redução da qualidade dos frutos, além de sua queda precoce. Entretanto, não há prejuízo à sua polpa.
As melhores formas de controle desta doença são preventivas, a partir do momento de implantação do pomar. A utilização de mudas sadias e a escolha de variedades menos suscetíveis podem ser medidas bastante eficientes e econômicas a longo prazo. Outra medida importante é a instalação de quebra-ventos porosos nos limites da propriedade e entre os talhões. Ainda há a opção de aplicar-se produtos contendo cobre para redução da quantidade de sintomas nas plantas. E nunca é demais o cuidado no acesso de pessoas e veículos ao pomar e a higienização de ferramentas de trabalho.
2. Clorose Variegada dos Citros (CVC)
Causada pela bactéria Xylella fastidiosa, que invade os vasos condutores das plantas, impedindo o transporte de água e nutrientes das raízes para a copa. Assim como a bactéria causadora do cancro cítrico, atinge todas as variedades comerciais de citros. Os sintomas começam com o aparecimento de pequenas manchas que são amareladas na parte de cima das folhas e cor de palha na parte de baixo das mesmas. Em estágios mais avançados, os frutos ficam duros, pequenos, amadurecem precocemente e ficam queimados, o que os torna inviabilizados para consumo.
O controle desta doença pode ser preventivo, com a utilização de mudas sadias provenientes de viveiros certificados. Quando são observados sintomas iniciais, pode-se optar pela realização de podas para retirada das partes afetadas. As partes podadas devem ser corretamente descartadas e as regiões serradas devem receber pasta contendo cobre para proteção da planta contra possíveis infecções. Uma terceira forma de controle desta doença consiste no monitoramento e controle do inseto hospedeiro, as cigarrinhas.
3. Greening
Causada pela bactéria Xylella fastidiosa, que invade os vasos condutores das plantas, impedindo o transporte de água e nutrientes das raízes para a copa. Assim como a bactéria causadora do cancro cítrico, atinge todas as variedades comerciais de citros. Os sintomas começam com o aparecimento de pequenas manchas que são amareladas na parte de cima das folhas e cor de palha na parte de baixo das mesmas. Em estágios mais avançados, os frutos ficam duros, pequenos, amadurecem precocemente e ficam queimados, o que os torna inviabilizados para consumo.
O controle desta doença pode ser preventivo, com a utilização de mudas sadias provenientes de viveiros certificados. Quando são observados sintomas iniciais, pode-se optar pela realização de podas para retirada das partes afetadas. As partes podadas devem ser corretamente descartadas e as regiões serradas devem receber pasta contendo cobre para proteção da planta contra possíveis infecções. Uma terceira forma de controle desta doença consiste no monitoramento e controle do inseto hospedeiro, as cigarrinhas.
4. Leprose
É causada pelo vírus Citrus leprosis (CiLV), que é transmitido por uma espécie de ácaro. É uma doença restrita as américas e atinge principalmente laranjas doces. A alimentação dos ácaros gera lesões em folhas, frutos e ramos. Estas lesões são amareladas ou verde-claro e podem conter um centro necrótico. Em grande quantidade, podem levar a queda prematura de folhas e de frutos e morte de ponteiros.
A entrada da doença pode ser evitada com a utilização de mudas sadias, instalação de quebra-ventos ao redor do pomar e desinfestação de materiais de trabalho. Seu avanço pode ser controlado realizando-se podas para retirada de partes com sintomas iniciais, eliminação de plantas com sintomas severos e retirada de frutos atingidos ou caídos no solo e de plantas daninhas hospedeiras. O uso de acaricidas para controlar o vetor desta doença deve ser criterioso.
5. Pinta Preta
Causada pelo fungo Phyllosticta citricarpa, que ataca principalmente variedades de maturação tardia, onde os sintomas serão mais severos. O surgimento dos sintomas vai depender da variedade de citros e será favorecido pela radiação solar e altas temperaturas. De modo geral, surgem manchas pretas ou avermelhadas com centro deprimido que podem ocupar grande parte da superfície de frutos maduros. Em frutos ainda verdes, as lesões são lisas.
As medidas preventivas ajudam bastante no controle desta doença. Entre elas está a utilização de mudas sadias, controle de materiais que circulam pelo pomar, manutenção de uma boa nutrição das plantas e inspeção constante de regiões propensas a ação do fungo. O conhecimento do seu ciclo de vida e do período de infecção de frutos pode contribuir para a escolha das ações mais adequadas. Consequentemente, a economia com controle químico também resulta numa produção com menor quantidade de resíduos provenientes de defensivos agrícolas.
Agora que você sabe quais são as principais pragas e doenças que ocorrem em citros, confira nossa cartilha sobre boas práticas no controle fitossanitário para mais detalhes sobre o passo a passo na hora de cuidar do pomar.