Você conhece as informações presentes nos rótulos e bulas dos defensivos agrícolas? Qual a importância de conhecê-las?
Confira abaixo as respostas a essas perguntas!
É verdade que não temos o costume de ler as bulas dos remédios. Afinal, elas são extensas e as letras são pequenas e difíceis de entender. Por outro lado, as bulas dos defensivos agrícolas são de linguagem simples e contém apenas informações importantes ao usuário. Além do mais, lê-las pode evitar intoxicação, ineficiência na aplicação, aumento de resistência das pragas, danos ao meio ambiente e muito mais!
Conforme a lei n° 7802 de 1989, o produtor e demais usuários e fabricantes têm a responsabilidade administrativa, civil e penal pelos danos causados à saúde das pessoas e ao meio ambiente, quanto à produção, comercialização, utilização, transporte e destinação de embalagens vazias e seus componentes.
Os riscos do mau uso, não afetam somente o bolso e a saúde do aplicador, mas a comunidade e o ambiente como um todo. Para entender mais sobre o uso correto de defensivos agrícolas, acesse gratuitamente o ‘Manual de uso correto e seguro de produtos fitossanitários’.
Você gostaria de saber como entender o rótulo e a bulas dos defensivos agrícolas? Veja o guia a seguir:
Rótulo
No rótulo, que se encontra junto a embalagem do produto, estarão presentes as identificações e às informaçẽos de manuseio e aplicação, assim como mostra o exemplo abaixo, do rótulo do produto ScoreⓇ usado para o controle de Sigatoka-amarela e negra na bananeira.
Às informaçẽos estarão divididas em 3 colunas. Na coluna central, estão os dados conforme indicado abaixo e na imagem:
- Identificação: Nome da empresa e nome comercial do produto.
- Composição química: A porcentagem de cada componente químico do produto, que devem ser informados em caso de intoxicação.
- Classe: A finalidade agronômica, como por exemplo, fungicida, inseticida, herbicida, etc.
- Tipo de formulação: Como o produto é formulado e como será utilizado, por exemplo, pó molhável, suspensão concentrada, etc.
- Dados do fabricante: Número do registro no MAPA e outras informaçẽos do fabricante.
- Dados do lote: O número do lote, a data de fabricação e a validade.
- Frases obrigatórias: “Antes de usar o produto leia o rótulo, a bula e a receita e conserve-os em seu poder”, “É obrigatório o uso de equipamento de proteção individual”, “É obrigatória a devolução da embalagem vazia”, “Agite antes de usar” e outras recomendações.
(Fonte: Adaptado dos autores).
Na coluna à esquerda, observe abaixo na imagem, são dispostas as informações sobre:
- Precauções de uso e cuidados de proteção ao meio ambiente: Orientações quanto a aplicação e cuidados ambientais, como por exemplo, não lavar embalagens em lagos e rios.
- Instruções de armazenamento do produto: O produto deve ser mantido fechado, guardado em local específico exclusivo apenas para defensivos agrícolas e deve ser mantido trancado com placa indicando “cuidado veneno”, e outras recomendações.
- Orientações em casos de acidente: Número de telefone que podem ser acionados.
- Destinação final das embalagens vazias: É obrigatória a devolução das embalagens vazias, e orienta para os procedimentos de lavagem das embalagens e destinação que estarão na bula.
- Transporte: Indicação para leitura da legislação específica, lei n° 7802 de 1989.
(Fonte: Adaptado dos autores).
Na coluna da direita, como mostra a imagem, serão encontrados às seguintes orientações:
- Precauções gerais de uso: O uso deve ser exclusivo agrícola e cuidados para durante a preparação da calda e aplicação do produto.
- Quadro de primeiros socorros: Quando o contato ocorre por ingestão, olhos, pele e inalação e que deve-se procurar imediatamente um médico.
- Antídoto e tratamento médico de emergência: Orientações para consultar a bula.
- Telefone da empresa para situações de emergência e o telefone do RENACIAT (Rede Nacional de Centros de Informações e Assistência Toxicológica-Disque intoxicação) 0800-722-6001.
(Fonte: Adaptado dos autores).
Classe toxicológica
A faixa inferior no rótulo sempre será colorida, indicando qual a classe toxicológica do produto. Em 2019 a ANVISA aprovou uma nova legenda que indica de forma mais clara, o que cada cor significa.
- Categoria 1 – Produto Extremamente Tóxico – Faixa Vermelha.
- Categoria 2 – Produto Altamente Tóxico – Faixa Vermelha.
- Categoria 3 – Produto Moderadamente Tóxico – Faixa Amarela.
- Categoria 4 – Produto Pouco Tóxico – Faixa Azul.
- Categoria 5 – Produto Improvável de Causar Dano Agudo – Faixa Azul.
- Não classificado – Produto Não Classificado – Faixa Verde.
(Fonte: ANVISA).
Note que no rótulo do produto ScoreⓇ, que estamos usando como exemplo, a cor que indica a toxicidade é azul, ou seja, é um produto pouco tóxico. Para saber mais sobre o controle químico da bananeira, acesse 9 assuntos que você precisa saber sobre o controle químico de pragas, doenças e plantas daninhas da bananeira.
(Fonte: Adaptado dos autores).
Os pictogramas específicos (que são uma forma de escrita através de desenhos) indicam quais são os EPI ‘s usados para o preparo da calda e aplicação do produto. Confira abaixo a legenda de cada pictograma que você poderá encontrar no rótulo.
(Fonte:ANDEF).
No caso do exemplo do produto Score Ⓡ, os pictogramas à esquerda, indicam que o produto deve ser mantido trancado e fora do alcance de crianças. Deve ser usado avental, botas, respirador, óculos, touca árabe e luvas para manuseio e preparo da calda, que é uma formulação líquida conforme indicado.
Os pictogramas à direita, indicam que a forma de aplicação é de formulações líquidas, e que a aplicação deve ser feita com uso de macacão, botas, respirador, óculos, touca árabe e luvas. Após a aplicação, as mãos devem ser lavadas, e adverte-se que o produto é tóxico para animais e peixes.
(Fonte: Adaptado dos autores).
Bula
A bula estará anexada à embalagem e sua leitura é tão importante quanto a do rótulo, pois apresenta as instruções de uso. Confira no recorte abaixo da bula do produto Score Ⓡ, onde estão algumas dessas informações.
(Fonte: Adaptado dos autores).
1 – Culturas: Para quais culturas o produto foi registrado, portanto, em qual planta pode ser usado o produto.
2 – Doenças: Finalidade do controle, para qual doença, praga ou planta daninha que o produto será eficiente.
3 – Doses do produto comercial: Qual a quantidade de produto comercial que deve ser preparado na calda, pode estar em litros por hectare ou gramas por hectare.
4 – Volume de calda: É o volume de água mais a dose de produto comercial a ser aplicado na área. Influencia diretamente no tamanho das gotas e na melhor cobertura do alvo.
5 – Número máximo, época e intervalo de aplicação: Quantas aplicações, na mesma safra, podem ser feitas com o produto, em que época pode ser feita a aplicação e quantos dias deve-se esperar entre as aplicações, respectivamente.
Também contém informações sobre o modo de aplicação (terrestre ou aérea), intervalo de segurança ou período de carência, orientações médicas, informações sobre a armazenagem do produto e de descarte das embalagens. Limitações de uso, intervalo reentrada e sobre o uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s).
Compreensão dos rótulos e das bulas
A leitura das bulas e rótulos por si só, não significa que o usuário do produto será capaz de adotar as recomendações. Note que em uma pesquisa realizada por Maria Yamashita (Análise de rótulos e bulas de agrotóxicos segundo dados exigidos pela legislação federal de agrotóxicos e afins e de acordo com parâmetros de legibilidade tipográfica), observou-se que 57% dos agricultores entrevistados que liam as bulas, não foram capazes de identificar corretamente a classe toxicológica dos defensivos e 34% não identificaram o pictograma ilustrando uma touca árabe. Ou seja, é preciso entender as informações para conseguir colocá-las em prática. Veja na imagem abaixo as diferentes respostas dadas na pesquisa sobre o que representava o pictograma da touca árabe.
(Fonte: Adaptado dos autores).
Seguir as recomendações das bulas e rótulos é extremamente importante para preservar a saúde do aplicador. A leitura é o primeiro passo, mas se você tiver dificuldade com para entender as informações, poderá realizar o curso NR-31 (Aplicação correta e segura de defensivos agrícolas) ofertado pelo SENAR/RS, também a EMATER da sua região pode te ajudar, de acordo com a demanda dos produtores podem ser organizados cursos para capacitação. Além do mais, você pode tirar dúvidas com os técnicos fornecedores dos insumos ou com os técnicos das cooperativas que comercializam os defensivos.
Boas práticas para aplicação
Não só a leitura do rótulo e da bula são importantes para a eficácia do controle químico, mas também o momento e as condições de aplicação são fundamentais. Por isso as Boas práticas para aplicação de defensivos químicos vão auxiliar você a ter sucesso no momento da aplicação!
Além disso, a plataforma Demetra é uma ferramenta que facilita a sua organização! Nela você poderá registar os dados da aplicação dos defensivos, por meio do Caderno de campo, você pode gerir o período de carência e outras informações, como datas e nome do produto. E o aplicativo indicará, por exemplo, qual o dia que expiram às datas de intervalo de segurança e de reentrada.
Referências
Manual de segurança e saúde do aplicador de produtos fitossanitários. Associação Nacional de Defesa Fitossanitária, 2006.
Análise de rótulos e bulas de agrotóxicos segundo dados exigidos pela legislação federal de agrotóxicos e afins e de acordo com parâmetros de legibilidade tipográfica. Dissertação Maria Gabriela Nunes Yamashita, 2008.
Publicada reclassificação toxicológica de agrotóxicos. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2019.